domingo, 23 de janeiro de 2011
Família Dias Silva: mãe de 12 filhos perde cinco para violência desenfreada de Patos
O drama vivido pela doméstica Maria de Lourdes da Silva (Lia), revela o labor vivenciado por dezenas de famílias patoenses que sofrem constantemente com a violência na cidade. Esta semana, a doméstica viu o seu quinto filho ser assassinado, sem que ela pudesse fazer nada, a não ser lamentar e chorar a perda de mais um filho que já tinha um histórico de viciado em drogas.
Cosme Dias da Silva, mais conhecido por "Bola", 33 anos, foi assassinado na frente de diversos populares que estavam na localidade.
Cosme passava pela rua Aurino Pereira, próximo ao "Beco da Cola", localizado no bairro da Vitória, onde os assassinos se aproximaram e efetuaram os disparos. Cosme foi atingido por pelo menos 5 disparos de arma de fogo. Os tiros atingiram braços, cabeça, tórax e costas da vítima que morreu no local do crime.
Segundo a polícia, "Bola" era viciado em drogas, mas não tinha passagem pela Polícia. Na mão de Bola, foi encontrada uma certa quantia em dinheiro.
Esta semana ao ver o quinto filho perdido para violência, Dona Lia não agüentou e pediu clemência a Deus. Mãe de doze filhos, Dona Lia ainda tem que suportar a dor de ver dois deles atrás das grades no Presídio Romero Nóbrega em Patos, além dos cinco que foram mortos.
Protagonista de mais uma cena macabra, Dona Lia entrou em desespero ao ver o corpo do filho tombado rua Aurino Pereira, próximo ao "Beco da Cola", ao chão nas mãos dos peritos que realizavam os trabalhos criminalísticos antes de ser recolhido para Unidade de Medicina Legal. Muitos curiosos disputavam um espaço na rua para acompanhar a perícia de mais uma vítima da violência.
Histórico de tragédias da Família Dias Silva
Em 2009, Lia perdeu três filhos para violência, assassinados por inimigos que até hoje não estão na cadeia e que continuam diminuindo seu lar.
O primeiro filho assassinado da doméstica, Daniel Dias da Silva, 29 anos, foi morto no dia 25 de janeiro de 2009, no bairro Dona Milindra.
O segundo, Damião Dias da Silva, 33 anos, conhecido por Damião de Lia, foi morto no dia 27 de agosto deste ano, nas proximidades do Samu, bem próximo do local onde seu irmão foi morto no dia 13 de dezembro de 2009 no bairro da Vitória.
Ronaldo Dias da Silva (35) foi o terceiro filho da doméstica fuzilado na Rua João Mariano no bairro da Vitória com três tiros: um na cabeça e dois no tórax.
A polícia acredita que todos estes crimes estejam relacionados ao tráfico de drogas ou a acerto de contas. No entanto, a polícia não sabe se as cinco mortes tem ligação umas com as outras.
Ano passado, Robenildo Dias da Silva, 23 anos, conhecido por Jair, foi assassinado em frente ao PSF do São Sebastião. Robenildo foi morto com pelo menos 7 tiros de pistola a queima-roupa. Ele foi a quarta vítima fatal.
O delegado Edson Pedrosa, com anos de profissão, confessa que não tem sido fácil para polícia desvendar estes misteriosos assassinatos, pois nem mesmo as famílias ajudam nas informações que possam levar aos assassinos.
Edson Pedrosa revelou que a dificuldade em conseguir informações junto à população é imensa, já que prevalece a lei do silêncio. Mesmo assim a família acredita que o crime tenho sido cometido por um ou dois menores em uma bicicleta.
Enquanto a polícia procura desvendar mais este crime misterioso, assim como os demais, resta a Dona Lia o consolo de fazer parte das últimas estatísticas da violência na cidade.
Um dos cinco irmãos assassinados, pode ter sido morto após ser confundido com um dos irmãos. A polícia não descarta que todas as mortes tenham ligações, já que segundo informações, todos teriam sido ameaçados por um mesmo grupo que pertenceria a outra família.
Apenas uma morte tem assassino conhecido
Dos cinco casos de assassinatos registrados na família de dona Lia, apenas um teria tido solução para a Polícia Civil. Foi o caso do desocupado Robenildo Dias da Silva, 23 anos, conhecido por Jair, morto na manhã do dia 10 de setembro de 2010, em frente ao PSF do São Sebastião.
Um menor de 17 anos foi apreendido no dia 28 de dezembro de 2010 e confessou ter praticado pelo menos um homicídio dos cinco.
A polícia investiga a participação do menor em mais 7 homicídios, mas ele negou dizendo que os demais foram praticados por ex-amigos seus, hoje seus inimigos.
O delegado Clenaldo Queiroz afirmou que o menor teria dado vários detalhes das mortes que teriam sido praticadas por outros, mas que estão sendo checadas, segundo informou o delegado.
O delegado disse ainda que ele é investigado por ameaças de morte, assaltos e outros crimes na cidade. O menor negou que tenha matado os outros filhos de Lia.
O menor contou ainda que sabia dos autores dos demais crimes por estar envolvido com eles anteriormente, mas que não tinha envolvimento com os homicídios.
Apesar das informações, o delegado disse que alguns dos apontados pelo menor já morreram, inclusive, e isto pode ser uma tática de defesa, o que será apurado.
Ele revelou ainda a polícia que o motivo da morte de Robenildo foi por conta de ameaças feita por ele a sua pessoa, e inclusive, a sua própria mãe.
Clenaldo Queiroz disse que a sua participação em outros assassinatos está sendo investigada e nada está ainda descartado apesar da negativa do menor. "O depoimento foi relevante e haveremos de seguir com as investigações", disse ele.
O delegado também informou que a vítima já tinha sofrido duas tentativas de assassinato em outras oportunidades. A mãe de Robenildo, Maria de Lourdes da Silva, contou a polícia que o acusado tem uma antiga rixa com seu filho e como não conseguia matar ele, foi assassinando os outros filhos.