domingo, 11 de julho de 2010

Polícia Civil investiga crimes de pistolagem no Sertão da Paraíba

Delegado Cristiano Jacques
GTE da Polícia Civil
Armas apreendidas em outras ações
 
O delegado do Grupo Tático Especial(GTE) da Polícia Civil de Patos, Cristiano Araujo Jacques, abriu investigação para apurar crimes de pistolagem no Sertão da Paraíba, sobretudo, na região polarizada pela cidade de Princesa Isabel.
Em entrevista ao repórter, o delegado revela com exclusividade que os crimes praticados naquela região tem características diferentes dos cometidos em Patos por exemplo.
Delegado diz que crimes praticados quatro, cinco anos atrás nunca foram investigados. "Naquela região reina a impunidade. Cometeram os crimes e continuam ameaçando as pessoas, andando armadas sem que nada fosse feito para reprimir essas ações criminosas. Agora não, resolvemos dar um basta", garantiu ele.
De acordo com Jacques, muitos crimes tiveram testemunhas, pois foram praticados na frente de muita gente, mas devido às ameaças são poucos os que querem testemunhar esses crimes. "Elas quando inquiridas, acabam negando quem foi o autor dos homicídios", disse ele.
Jacques revelou a Polícia Civil hoje tem cerca de 150 inquéritos em andamento de crimes praticados na região de Princesa Isabel, a maioria com características de pistolagem.
Para o delegado, as pessoas em Patos acabam contribuindo mais positivamente com denúncias, o que não acontece naquela região onde a polícia ainda não conquistou a credibilidade necessária. "Estamos justamente tentando mudar esta realidade", afirmou ele.
Nas investigações da Polícia ficou constatado, segundo Jacques, que os crimes cometidos em Princesa Isabel, poucos são relacionados ao tráfico de drogas como acontece em Patos, por exemplo. A maior parte tem relação com a pistolagem mesmo.
"É muito usual ter pessoas contratadas para cometerem crimes, sobretudo por agentes que controlam a região impondo medo a população. Tem características de faroeste ou às vezes do tempo do cangaço, já que a região teve forte influência. Vamos mudar esta realidade", disse Jacques.

Polícias investem contra pistoleiros de aluguel
 
Em maio de 2009 uma operação policial conjunta foi deflagrada, denominada "Falcão Negro". A Operação envolveu duas equipes de policiais do GOE - Grupo de Operações Especiais da Polícia Civil/PB -, três da Polícia Rodoviária Federal, três da Polícia Militar e outras quatro da Polícia Civil, sob a coordenação dos delegados Pedro Viana(titular do Grupo de Operações Especiais/GOE), Patrick Allen Dias(São Bento) e Ilamilton Simplício(Catolé do Rocha), Wallber Virgulino e Pedro Viana, com o objetivo de reprimir ações de grupos de pistolagem, assassinos de aluguel e assaltantes de cargas, na região do Alto Sertão paraibano, especificamente nas cidades de São Bento, Paulista, Belém de Brejo do Cruz, Brejo do Cruz e Catolé do Rocha, onde é registrado um considerável aumento de criminalidade, com a atuação de bandidos na região.
Segundo o delegado Wallber Virgulino, a operação teve como objetivo reprimir e coibir assaltos, roubos de carros e motos, identificar e prender pistoleiros. Outras em igual formato foram desencadeadas em todo o Estado da Paraíba posteriormente.
O delegado geral da Polícia Civil do Estado da Paraíba, Canrobert Rodrigues revelou que alguns das pessoas envolvidas em crimes de homicídio por encomenda são integrantes de famílias tradicionais e prestigiadas na região do alto sertão paraibano.
Canrobert revelou ainda que a policia tem enfrentado dificuldades de acesso para prender os pistoleiros já identificados, os quais na maioria dos casos residem em locais de difícil acesso.
Outro ponto constatado durante as investigações com relação a pratica de pistolagem na região foi o de que nem sempre as transações de pistolagem de aluguel envolvia altas somas, visto que o preço pago por uma morte era até certo ponto acessível, uma vez que os pistoleiros cobravam sempre de acordo com as condições e posição financeira e social das vítimas.
Ainda durante a operação os policiais investiram na fiscalização e apreensão de mais de 40 veículos - a maioria sem placas ou documentação obrigatória - e prendeu três pessoas.
Apesar do grande efetivo de policiais requisitados para deflagração da "Operação Falcão", na região polarizada pelo município de Catolé do Rocha, os criminosos levaram a melhor e nenhum pistoleiro de aluguel foi preso. A polícia suspeita que os pistoleiros de aluguel fugiram da região após tomarem conhecimento da operação.

PF prende 26 suspeitos de crimes no sertão da PB

Em Janeiro de 2008 a Polícia Federal (PF) prendeu 26 pessoas em cinco cidades do sertão da Paraíba. Elas eram suspeitas de cometer crimes de pistolagem, tráfico de drogas e assaltos a cargas e bancos. A informação foi destaque até no Jornal Nacional da Rede Globo.
Na operação, batizada de Rede Marginal, a PF também apreendeu armas, carros e drogas. Segundo investigações, os criminosos cobravam R$ 10 mil por assassinatos encomendados.
Até hoje, segundo denúncias de presos, muitos dos envolvidos na Operação Rede Marginal, ainda exercem poder de dentro do Presídio Romero Nóbrega em Patos, onde estão recolhidos.

Crimes de pistolagem são comuns em outras regiões do Sertão
 
Em abril deste ano, O bispo diocesano de Cajazeiras, no Alto Sertão, dom José González Alonso, pode ter sido umas das vítimas de pistoleiros que atuam naquela região. Dom José Gonzáles teria assumido publicamente a necessidade de apuração dos crimes na região, o que se leva a crer que seja esse o motivo mais provável para as ameaças de morte anônimas através de e-mails, torpedos e telefonemas.
O caso ganhou tanta repercussão que foi necessário o religioso ser incluído no programa Defensores dos Direitos Humanos, do Ministério da Justiça, passando a receber proteção da Polícia Federal. O religioso denunciou que estava recebendo.
O deputado federal Luiz Couto (PT) solicitou proteção e garantias de vida para o bispo, em depoimento na Câmara dos Deputados. Os motivos e a origem das ameaças não tiveram autoria descoberta