sábado, 21 de agosto de 2010

PEC 300,301,302... O Desabafo de um Policial

O texto que segue é o desabafo de um policial que não se conforma com a indiferença de parlamentares brasileiros, quando o assunto é remunerar de forma mais justa o profissional que arrisca a vida em prol de outrem.

Confira abaixo:


Os membros das policias militar e civil e do corpo de bombeiros de todo o país, têm nos últimos dois anos, participado de uma verdadeira Peregrinação do Estado ao Congresso, com a finalidade de ver aprovado o Projeto de Emenda Constitucional que majora e fixa o piso salarial desses servidores públicos, que ora desempenham suas árduas funções recebendo uma remuneração incompatível com os riscos que submetem suas vidas diariamente.
Por diversas vezes, inúmeras caravanas partiram da PB, RN, MG e demais estados da federação com destino à capital federal, nas condições mais adversas, na expectativa de ver concretizada a aprovação do projeto, já que várias foram as afirmações dos parlamentares no sentido de que havia consenso entre as bancadas, e a aprovação com data e hora marcada era fato consumado.
No último dia 17 veio mais uma frustração. Sem a aprovação, os interessados promoveram uma manifestação no interior do congresso nacional e..., e a PEC 300 não foi votada no dia 18 segundo Michel Temer por esse motivo. Realmente, a falácia não poderia ser desprestigiada. É evidente que o bloco governista procura por no ostracismo os ideais dos membros da segurança pública. “Na pressão não se vota nada”. “É inaceitável esse tipo de baderna”. “Esta é uma casa democrática para atender os anseios do povo”. São essas algumas das falas dos nossos intitulados “Clistenes”.
Mas a verdade é que, a seguir os rumos que se evidenciam, nossa PEC não passará de meras peregrinações de idas e vindas a Brasília, e logo irá alcançar a ordem 301ª (trecentésima primeira) e assim por diante.
Infelizmente sem radicalizar não vai. Nos registros recentes dos movimentos classistas na Paraíba e no Brasil, encontram-se diversos arquivos nesse sentido. Servidores da UEPB com sua autonomia orçamentária, servidores do Fisco Estadual que obtiveram aproximadamente 80% de reajuste e os servidores da Receita Federal no ano de 2008, que obtiveram aumento escalonado de até 137%, servem de exemplos como movimentos que só atingiram seus objetivos quando chegaram ao extremo em suas paralisações.
Mas, a grande pergunta é: Como radicalizar se de acordo com a Constituição Federal as forças militares são proibidas de realizarem greves? Diante do quadro, duas situações são as mais viáveis. Dá à Policia Civil o apoio necessário para uma greve nacional, já que a mesma goza de tal prerrogativa, e ao mesmo tempo começar com a operação “ Tolerância Zero”, que foi bem sucedida no estado de Sergipe.
É bem verdade que a  sociedade será a maior prejudicada com essas ações. Aliás, já está se tornando até dispensável contar com uma policia nos moldes de hoje, com policiais em que a abnegação, grandiosa no seio desses guerreiros, vem se exaurindo, dando lugar ao desestímulo diante das condições precárias para o trabalho, que vão desde o fator remuneratório até os equipamentos individuais  como armas, coletes e outros.
O que todos esperam é uma polícia PEC 10. Planejada, Estruturada e Capacitada.  Existe um fator indispensável para isso ocorrer: O polícial servindo à sociedade com a auto-estima elevada. Isso só ocorrerá com a sensibilização daqueles que detém as condições para atender o pleito dos servidores da segurança pública dos estados. Assim sendo, a sociedade diminuirá consideravelmente a entonação de um de seus clamores, passando a desfrutar da tranqüilidade tão almejada que deve existir em um estado vivendo em tempos de paz.