Pelo menos onze pessoas foram presas, entre elas nove policiais militares, todas acusadas de participação em grupos de extermínio. Os mandados de prisão foram cumpridos durante a Operação Águas Limpas, deflagrada na madrugada desta sexta-feira (27) pelas polícias Civil, Militar e Federal na Paraíba.
Na casa de um policial que já estava preso há mais de um ano no 5º Batalhão, foi encontrado um arsenal dentro de um cofre: cerca de 20 armas de fogo que seriam utilizadas em favor de organizações criminosas.
Já no Distrito Federal, foi preso um policial militar cuja função era comercializar armas e munições, abastecendo as organizações em João Pessoa. Há civis, soldados e cabos da PM e agentes penitenciários entre os detidos. A lista completa de envolvidos ainda não foi divulgada, mas a Secretaria Estadual de Segurança Pública divulgou uma relação parcial:
Ciel da Silva Marques
Cristian Dias da Silva
Eliéser Gonçalves de Freitas
Lecácio Bento dos Santos (cabo da PM)
Sérgio de Oliveira Carneiro (agente penitenciário)
Arnóbio Gomes Fernandes (sargento da PM)
Erivaldo Batista Dias (sargento da PM)
Ivan Ribeiro da Silva (sargento da PM)
Lupércio Filho
José Evangelista da Silva
Gisélia Maria Mendes
As pessoas detidas foram encaminhadas à Central de Polícia, na Capital, onde prestaram depoimentos. Em seguida, os acusados são transferidos para o Presídio do Roger e para carceragens oficiais da PM.
Denúncias antigas
A atuação dos grupos de extermínio em João Pessoa e na região metropolitana era um assunto esquecido até janeiro de 2009, quando Manoel Mattos, vereador de Itambé e vice-presidente do PT de Pernambuco, foi executado em Pitimbu, no Litoral Sul paraibano. Ele era ligado a sindicatos rurais e chegou a depor na CPI do Extermínio, quando revelou nomes de paraibanos envolvidos em crimes na divisa dos dois estados.
Desde então, a Secretaria Estadual de Segurança Pública passou a se preocupar mais com o assunto. As providências foram cobradas ao secretário Gustavo Gominho pelo deputado federal Luiz Couto (PT), que também recebe ameaças de morte por denunciar a ação dos policiais.
Nesta nova operação, mais de 200 policiais saíram às ruas de João Pessoa, Santa Rita e Bayeux com o objetivo de cumprir 19 mandados de prisão e 38 de busca e apreensão.
Na entrevista coletiva, não foi revelado como o grupo funciona, mas o secretário estadual de Segurança Pública, Gustavo Gominho, informou que a organização criminosa atua há pelo menos sete anos. As ordens partiriam de presidiários e os alvos seriam devedores do tráfico de drogas. O secretário disse ainda que esse grupo é responsável pelo aumento da criminalidade na Capital entre os anos de 2008 e 2010.
Operação Águas Limpas
As equipes saíram em comboio por volta das 2h da Central de Polícia, na Capital, em direção à Superintendência da Polícia Federal, em Cabedelo, onde foram traçadas as estratégias de ação.
O inquérito que apura as atividades criminosas foi instaurado no dia 5 de janeiro deste ano, pela Polícia Civil, com base em informações de existência de grupos de extermínio no Estado, e se desenvolveram em regime de cooperação com a Polícia Federal, que apurou a existência de uma rede de tráfico de armas, grupo de extermínio entre outros crimes.
A denominação Águas Limpas para a operação está relacionada a uma das acepções do nome Paraíba, significando águas revoltas, turvas, tendo as instituições envolvidas na investigação o intuito de combater a criminalidade, depurando, inclusive as próprias corporações responsáveis em combater a violência.