Na madrugada da última quinta-feira, o policial militar Marcone Sampaio foi baleado na perna quando tentava separar uma briga em Campina Grande. O disparo resultou em fratura exposta, e o PM, que estava de folga, foi levado para tentar ser atendido no Hospital Regional de Campina Grande.
Dizemos ‘tentar’ porque, como se sabe, a saúde do estado se encontra em estado grave. Um coma quase profundo. E qualquer um que chegue em busca de um atendimento mais urgente vai ter que esperar. Ou simplesmente não ser atendido.
Foi o que aconteceu com o policial. Mesmo com um pedaço do osso da perna à mostra e após perder muito sangue, foram precisos 190 minutos [ou seja, uma hora e meia] para que o médico dissesse ao paciente que “não podemos fazer a cirurgia, porque não temos material” (o material é aqueles ferros que se colocam em membros fraturados). O médico chegou a bater um raio x na perna ferida, mas reiterou a impossibilidade do atendimento.
Assim, o PM teve que se deslocar ao Hospital Antônio Targino. Lá – pasme – também não havia ‘material’ para fazer a cirurgia necessária ao caso. Ou melhor, não havia pelo SUS. Quando se falou em ‘particular’, aí os problemas acabaram.
Sem ver saída, a família de Sampaio decidiu desembolsar R$ 10 mil para que o PM recebesse um atendimento que deveria ser oferecido pelo governo, custeado pelos impostos de cada cidadão brasileiro. A metade do valor teve de ser paga na hora.
Qual a serventia?
De acordo com informações que obtivemos com pessoas ligadas ao soldado, o militar pretende tentar um apoio financeiro através do Fundo de Saúde da Polícia Militar. Afinal, o rapaz ingressou na PM há sete anos e, desde então, tem em seu contracheque um valor descontado todo santo mês, justamente para esse alimentar esse fundo. É hora de saber para quê serve esse dinheiro.
No mínimo, estranho
O irmão de Sampaio teve de voltar ao Hospital Regional para obter algumas informações, mas acredite se quiser: “os funcionários disseram que não há nenhum registro da entrada de Marcone Sampaio aqui. Vocês devem estar enganados”, relatou o irmão do soldado. Não é estranho?...
Reflexos do abandono
Um país onde um policial não consegue salvar sua perna atingida por um calibre ‘.40’ não pode exigir absolutamente nada de segurança pública. Ou alguém acredita que um policial vai ter ‘instigação’ para tomar tiro e ser obrigado a pagar R$ 10 mil se quiser sua perna de volta?
‘No encalço’
O assunto tem panos para as mangas. Vamos acompanhar o caso de perto e, assim que pudermos, traremos novidades. Afinal, todo profissional da segurança está sujeito a tomar um tiro. A qualquer hora. Em qualquer lugar. E ter que se sujeitar a qualquer hospital.