O prefeito de Catingueira, José Edivan Félix, procurou a redação do Programa Cidade em Debate da Rádio 102 FM, para denunciar o descaso da saúde pública por conta do Governo do Estado que ainda não encontrou uma solução para entrega dos plantões extras pelos médicos que atendem nos três hospitais da cidade.
Edivan disse que munícipes de Catingueira estão desesperados com tal situação, pois já foram registradas duas mortes na cidade por falta de atendimento e mais dois populares estão sofrendo sem ter o socorro necessário para problemas graves de saúde.
O prefeito citou como exemplo a morte de uma funcionária da Prefeitura de 56 anos, que chegou ao Hospital Regional de Patos com infarto do miocárdio e o atendimento que teve foi uma aplicação de injeção. Segundo o prefeito, a paciente foi mandada de volta para casa e com duas horas morreu, pois não teria recebido o atendimento necessário.
Outro caso citado pelo prefeito foi de uma gestante que não recebeu atendimento na Maternidade Peregrino Filho e foi transferida para Santa Luzia. "Felizmente o bebê nasceu saudável e deu tempo fazer o atendimento", disse ele.
Félix denunciou a morte do agricultor Antônio Marques de Lucena, de 69 anos de idade, que caiu de uma carroça na Semana Santa tendo fraturado algumas costelas e perfurado o intestino, mas morreu por falta de atendimento necessário.
Segundo ele, a família procurou o HRP, mas sem sucesso e voltou para casa. O quadro do agricultor se agravou, foi quando na segunda-feira os familiares conseguiram encontrar um médico na cidade para fazer a cirurgia, mas ele veio a óbito mesmo com o procedimento cirúrgico, pois de acordo com o médico, a operação deveria ter sido feita imediatamente.
O prefeito ainda relatou o sofrimento de outro agricultor que há doze dias está com o braço quebrado à espera de uma cirurgia.
Ele apelou para o bom censo do governador e disse que o gestor é responsável pela boa manutenção dos serviços públicos. Para Edivan, Ricardo Coutinho precisa tomar uma providência urgente contratando médicos para atender a população senão muitos irão perder a vida.
Sem atendimento - O Hospital Regional Janduí Carneiro, que normalmente tinha 26 médicos de plantão por dia e realizava, em média, 500 atendimentos diariamente, conta hoje com apenas seis profissionais, que se desdobram para atender só os atendimentos de urgência e emergência.
Uma média de 400 atendimentos deixam de ser feitos por dia. Já na Maternidade Peregrino Filho, 20 partos, entre normais e cesarianos, deixam de ser realizados diariamente e as mulheres estão dando a luz dentro das próprias ambulâncias, pondo em risco na saúde do bebê e das mães.
"Aqui, está um caos! No feriadão, entre o sábado e o domingo, quatro mulheres deram a luz dentro de ambulâncias e duas em casa, com a ajuda do médico do Samu. Os diretores dos hospitais e da maternidade estão atendendo os pacientes, mas não dão conta da demanda sozinhos. Só ficaram os médicos concursados, que é uma minoria", informou o clínico Denilson Pereira, um dos médicos que entregou o plantão.
"Uma média de 270 cirurgias deixam de ser feitas por mês no Hospital Regional. Queremos isonomia salarial. Em Queimadas, Itabaiana, Picuí, João Pessoa e Campina Grande, os médicos recebem R$ 1.000 por plantão e aqui em Patos, só recebemos R$ 400,00. A promotora da Saúde daqui, doutora Edivane, pediu que o Estado se explicasse, mas não foi dada nenhuma explicação para isso", afirmou o presidente da Cooperativa dos Médicos Urgentistas do Interior da Paraíba, o cirurgião vascular Jânio Rolim.