Morre um dos últimos cangaceiros do bando de Lampião
Ele
vivia em Minas Gerais há 70 anos e segundo familiares veio para o
Estado procurar tranqüilidade para viver com a mulher, Jovina Maria da
Conceição, conhecida com Durvinha. Em 2008, o cangaceiro contou para o
Terra que havia deixado o cangaço após os pais, amigos e um padre
pedirem para eles abandonarem a vida cheia de riscos. Além disso,
segundo a família, Durvinha tinha medo de ser degolada.Segundo
Nely Maria da Conceição, 60 anos, filha do casal, o pai já pedia para
morrer há mais de dois anos, sempre chamando pela mãe. "Depois da morte
de mamãe em 2008 meu pai entrou em depressão e sempre falava assim
'Mãezinha vem em me buscar. Já vi tudo que tinha pra ver. Quero
encontrar Durvinh' ele estava sofrendo muito" disse.
Nely ainda conta que o fato de tanto Moreno quanto Durvinha serem enterrados em túmulos era considerado uma benção pelo pai. "Ele nos contava que no cangaço decapitavam os cangaceiros, mostravam a cabeça para o público e deixavam os corpos perdidos. Para meu pai, ser enterrado em um cemitério era uma coisa muito boa, uma benção. Por isso resolvemos fazer o que ele pediu, soltar foguetes no momento do sepultamento" afirmou.
A família ficou sabendo a verdadeira história do casal apenas em 2005, depois que Moreno, com problemas de saúde, revelou ter matado muitas pessoas e que abandonara um filho. Noeli da Conceição, uma das filhas do casal, também conversou com o Terra em 2008 e disse que chorou muito depois que descobriu o passado dos pais. "Eu estudei tudo aquilo que era o cangaço, sabia das atrocidades que eram cometidas, e meu pai me contou que fazia parte deles. Fiquei chocada. Fui para o banheiro, chorei muito e liguei para o meu namorado para contar a descoberta", contou.
A partir desse ponto, Noeli encontrou o primeiro filho do casal, Inácio Carvalho de Oliveira, que hoje vive no Rio Janeiro como policial aposentado. Ele também esteve no enterro. O casal de ex-cangaceiros também recebeu homenagem em um livro "Morenos e Durvinha, amor e fuga no cangaço" escrito por João de Souza Lima.