quarta-feira, 21 de abril de 2010

Gate da Paraíba é referência para Policiais de outros Estados



Por: Redação/ParaibaemQAP

Homens preparados para agir em situação de extremo risco. Treinados para descer por rapel, escalar prédios, desarmar bombas, enfrentar correntezas, negociar com sequestradores e atirar com uma precisão quase cirúrgica. Assim são os policiais que fazem parte do Grupo de Ações Táticas Especiais, o Gate.

Criada em 1996, essa modalidade da Polícia Militar especializa equipes para atuar em ocorrências de grande complexidade, como sequestros, rebeliões, assaltos com reféns e ameaças de explosivos. Em 14 anos de fundação, todas as ações executadas foram consideradas bem sucedidas e tiveram 100% de aproveitamento. “Ou seja: não houve nenhuma morte de refém e todos os bandidos foram presos”, como afirma o comandante do grupo, capitão Gerônimo Bisneto.

Por causa disso, o Gate da Paraíba se tornou referência em ação policial para o resto do país e vem recebendo a visita de policiais de outros Estados que migram para João Pessoa com o interesse de ser qualificados com as equipes paraibanas. Um desses treinamentos está em andamento.

Até a próxima quinta-feira (22), militares e agentes civis, federais e patrulheiros rodoviários de São Paulo e de Brasília estão participando, no Centro de Ensino de Mangabeira, do Curso de Gerenciamento de Crise. São profissionais que atuaram em operações de repercussão nacional que sentam lado a lado com servidores paraibanos para ouvir os ensinamentos repassados também por paraibanos.

Esta já a segunda vez, apenas neste ano, que policiais de fora participam de treinamento em João Pessoa. Desta vez, o ex-comandante do Gate de São Paulo, major Diógenes Dalle Lucca, está entre os palestrantes.

O major Onivan Elias, coordenador dessa atividade na Paraíba, explicou que o Curso de Gerenciamento de Crise foi implantado no Estado, de forma preventiva, em 1998, numa época que não existiam grandes registros de assaltos ou sequestros. “O objetivo é mostrar técnicas e táticas para administrar uma ocorrência onde há reféns. Ele permite que policiais militares, civis, federais e rodoviários federais estejam prontos para administrar a parte operacional, técnica, tática e jurídica desse tipo de delito”, afirmou.

As aulas foram implantadas na Paraíba em caráter preventivo. “Após uma análise do acréscimo de fugas, de extorsão mediante seqüestro, de cárcere privado e de rebelião que vinham ocorrendo no sul do país, a Polícia Militar da Paraíba, de forma pró-ativa e preventiva, começou a se preparar desde o ano de 1996, quando o Estado ainda não tinha esse tipo de incidente. Quando esse crime migrou a Paraíba, os bandidos se depararam com uma polícia preparada”, destacou.  

Sequestro

Todos os membros do Gate passam pelo curso de gerenciamento de crise. O caso mais recente que teve a participação do grupo de elite ocorreu no dia 30 de março, quando seis mulheres da mesma família foram feitas reféns por dois sequestradores. O fato ocorreu no bairro de Cabo Branco e terminou após sete horas de intensa negociação. Os bandidos, cariocas, são foragidos de um presídio do Rio de Janeiro. Antes de chegar à Paraíba, eles praticaram crimes em Alagoas e Pernambuco. Com o cerco da polícia, a dupla se rendeu e permanece presa num presídio de João Pessoa. 

O capitão Bisneto conta que, nessa operação, o Gate instalou câmeras em pontos estratégicos do condomínio e posicionou atiradores de elite, que, por várias vezes, tiveram os bandidos na mira, mas que decidiram não efetuar o disparo. “Nossa missão é preservar a vida do refém. Por isso, não optamos por atirar nos bandidos, porque iríamos atingir um seqüestrador por vez. E quem nos garante que, ao ver o comparsa caído, o outro bandido não iria matar os reféns?”, indaga o comandante. “Na dúvida, preferimos não arriscar”, completou.

Treinamento

Momentos como os vivido durante esse sequestro fazem parte da rotina dos homens do Gate. Só este ano, os policiais tiveram que enfrentar oito ocorrências de grande tensão, que poderiam terminar em morte, diante de qualquer falha na habilidade de negociação e atuação dos policiais. Foram três ameaças de suicídio, dois casos de homens que tomaram as ex-mulheres como reféns e ameaçaram matá-las, dois assaltos a ônibus que se transformam em seqüestro de passageiros e uma ameaça de detonação de explosivos. Todos os casos foram resolvidos sem registros de morte e com a prisão dos responsáveis.

Para alcançar esses resultados, o Gate investe em tecnologia e em treinamento rigoroso. A seleção já começa no ato da inscrição. Para participar do grupo, o policial militar deve ter, pelo menos, três anos de serviço prestado. Ele passa por três meses de preparação, participando de um curso rigoroso. “Eles passam por treinamento em rapel, de entrada tática, abordagem do suspeito, explosivos, direitos humanos, salvamento na água, emergência hospitalar e gerenciamento de crise. Adquirem conhecimentos básicos, porque o homem de operações táticas deve saber um pouco de tudo e tudo de um pouco”, explica o capitão.

O treinamento é rigoroso e deixa muita gente para trás. Numa turma de 40 candidatos, apenas uma média de 11 ou 12 consegue chegar ao final. E, mesmo após a conclusão, os policiais passam por nova seleção. “Escolhemos entre os aprovados os melhores para ingressar no Gate. Só queremos, aqui, homens que demonstrem o desejo e o perfil para atuar nas operações de grande risco”, enfatiza Bisneto.

Tecnologia

Além do preparo físico, os militares investem em tecnologia. Microcâmeras, microfones e microgravadores podem ser implantados de forma discreta em locais de sequestros, por exemplo, para monitorar os passos dos criminosos. O Gate ainda dispõe de microfones de lapela e equipamentos chamados de “laringofones”. Estes podem ser instalados próximos à garganta e permitem que a comunicação entre o policial e a base seja feita sem a emissão de som. O aparelho capta as vibrações na laringe e as transforma em mensagens que são transmitidas para a equipe que monitora tudo da base de apoio.      

Fonte: Assessoria de Imprensa da PM