quinta-feira, 12 de abril de 2012

Delegado indicia policial por mortes em Patos e Cidade em Debate tem acesso à carta-denúncia


O Programa Cidade em Debate, da Rádio 102 FM, teve acesso com exclusividade a carta que levou a Polícia Civil a desvendar os diversos assassinatos ocorridos em Patos contra homossexuais e prostitutas. Foi a partir de uma carta enviada como denúncia ao delegado de Homicídios de Patos, Hugo Lucena, que a polícia conseguiu chegar ao principal acusado pelas mortes que chocaram a sociedade.
O cabo da Polícia Militar, José Jorlânio Nunes de Lima, casado, 42 anos, lotado no 12º Batalhão de Catolé do Rocha, porém com atuação na cidade de São Bento (PB) e residente em Patos, foi preso no dia 8 de fevereiro na Operação Carcará montada especialmente para prendê-lo depois da polícia ter provas suficientes da sua participação nas mortes.
Conforme informações de Hugo Lucena, delegado de Homicídios, responsável pelo inquérito policial, ele é acusado de vários homicídios, entre os quais, na maioria, estariam sendo praticados contra homossexuais e prostitutas. As investigações sobre os crimes se iniciaram em outubro do ano passado desde que foi divulgada, através da imprensa, uma suposta prática de homofobia na cidade de Patos.
O caso também está sendo investigado administrativamente pela Corregedoria da PM, sob a responsabilidade do corregedor da PM, coronel Antônio Carlos.
Mesmo quando a denúncia parte apenas de uma testemunha, explica o corregedor, o suposto crime é investigado. O nome da testemunha de um dos crimes é mantido em sigilo absoluto pela polícia.
Segundo Lucena, o policial continua preso e já foi indiciado. De início a polícia imputou a ele a autoria de 5 crimes praticados a partir de 2010, sempre no mesmo local, Campo da Buraqueira, e com as mesmas características.
Hugo revelou que mais detalhes do processo não poderia repassar já que corre em segredo de Justiça. Ele informou que a polícia já tem elementos suficientes para incriminá-lo com provas robustas que não deixam dúvidas quanto a sua participação.
Na carta enviada à polícia, a testemunha relata que o acusado sempre voltava à cena do crime para averiguar a movimentação. Em um deles, a testemunha contou ele ria do fato.
A prisão - A operação denominada ‘Carcará', em alusão aos hábitos de caça e semelhança ao modis operandi cumpriu o mandado de prisão temporária de 30 dias contra o Cabo da PM, José Jorlânio Nunes Lima, 42 anos, residente em Patos, mas que atuava em São Bento.
De acordo com o delegado de homicídios da 5ª Delegacia Regional de Polícia Civil, Hugo Lucena Pereira, as investigações iniciaram em Outubro do ano passado com a morte do travesti, José de Arimatéia. "Na ocasião, a própria imprensa levantou a possibilidade de está havendo em Patos crimes relacionados à homofobia devido aos vários crimes envolvendo homossexuais com características semelhantes", disse.
Ainda segundo o delegado, foi feito um levantamento junto aos travestis buscando identificar possíveis frequentadores da região do Campo da Buraqueira, local onde sempre ocorriam as mortes. Após essa investigação, a polícia conseguiu localizar um sobrevivente da tentativa de homicídio, vítima de José Jorlânio.
"Esse sobrevivente fez o reconhecimento de um dos possíveis suspeitos, dando cem por cento de certeza que seria o PM o matador dos homossexuais aqui em Patos. Nós, então, analisamos o modo de agir e outras provas que foram trazidas aos autos, verificamos que de fato, todos os atentados que ocorreram nos últimos tempos seriam atribuíveis a uma única pessoa, que no caso é o senhor José Jorlânio Nunes de Lima", afirmou o delegado.
Hugo Lucena declarou que a ação do acusado pode ser considerada de um serial killer, tendo em vista que ele agiu para eliminar vítimas com características semelhantes, sendo ainda que elegeu para executar prostitutas e travestis que faziam ponto na região localizada entre a Estação Ferroviária e o Mercado Central. "A forma de execução sempre era a mesma, com os tiros sempre na cabeça e pelas costas", afirmou.
Na casa do acusado foram encontrados dvd's e cartazes eróticos, além de munição e carregador. Já com ele, foi apreendida uma pistola de sua propriedade.
CARTA ENVIADA AO DELEGADO