domingo, 31 de julho de 2011


Homem manda matar esposa para ficar com seguro


A Polícia Civil do município de Catolé do Rocha, no Alto Sertão, está investigando um esquema fraudulento, envolvendo membros de uma mesma família, que são acusados de encomendar as mortes dos parentes para ficar com o seguro de vida das vítimas.

O esquema estaria em funcionamento há mais de um ano e conta com a participação de mandantes, agenciadores e pistoleiros da região sertaneja, que chegam a lucrar até R$ 200 mil com os seguros dos mortos.
Ontem o delegado do município, André Rabelo, transferiu para o presídio de Catolé do Rocha, o paranaense José Gander Mendes, 60, acusado de mandar assassinar a mulher dele em Catolé do Rocha, Lúcia Maria Saldanha de Sousa, 35, morta no dia 20 do mês passado.
Ele estava preso em Foz do Iguaçu (PR), de onde articulou a morte da esposa na Paraíba. Somente este ano, cerca de 10 pessoas já foram assassinadas na região, todos, membros das mesmas famílias.
De acordo com o delegado da 8ª Regional de Polícia Civil, André Rabelo, o esquema teria começado a partir de desavenças entre os membros das famílias acusadas.
Ele disse que dentro dos serviços de investigação da Polícia, está sendo feito um mapeamento da ação dos criminosos, e as informações coletadas até agora dão conta de que os mandantes dos crimes são parentes das vítimas marcadas para morrer. Eles contratam os agenciadores que articulam a morte dos alvos.
A execução final é feita por pistoleiros que recebem somam de até R$ 20 mil para cometer os homicídios. "As investigações da polícia seguem várias linhas, porque esses crimes a maioria deles está ligada à briga de famílias. Dentro disso a investigação sobre esses casos de famílias que são acusadas de mandar matar os próprios parentes para retirar o seguro de vida depois", contou o delegado.
O idoso transferido para Catolé do Rocha também é apontado de ter encomendado a morte do próprio pai em São Paulo. A Polícia descobriu através das investigações que José Gander tinha planejado a morte da esposa para executar o crime, contratou um pistoleiro conhecido por ‘Kleber Chocolate'.
O assassinato ocorreu no dia 20 de junho, quando a vítima Lúcia Maria Saldanha foi surpreendida em casa pelo pistoleiro. Durante a ação, o criminoso rendeu a vítima quando ela lavava o carro na porta de casa quando o pistoleiro a executou na frente da filha. "A menina estava dentro do carro que a mãe lavava, quando o assassino chegou e matou a mãe dela. Ela disse na época que o atirador segurou a mulher pelos cabelos e atirou a queima roupa, disparando três tiros na cabeça e em seguida subia na garupa de uma moto e fugiu", disse.
O pistoleiro Kleber Chocolate foi preso e confessou a participação do marido da vítima, como mandante do crime.
Nove foram ‘apagados' em 3 meses
De acordo com investigações da policia, o esquema de mortes funcionaria da seguinte forma: Membros a família Oliveiras, uma das mais temidas na região e que vivem em São Paulo, contratam agenciadores em Catolé do Rocha para comandar as execuções dos próprios parentes. Um policial militar que preferiu não se identificar revelou a reportagem do Correio que o primeiro passo dado pelos criminosos é o levantamento da pessoa a se tornar o alvo de morte.
Após obter todas as informações sobre a vítima, os mandantes com apoio de agenciadores e pistoleiros decidem quando é a vez, local em que o homicídio deve acontecer. O policial revelou ainda que é o agenciador quem contrata o pistoleiro para executar as vítimas. "A partir daí, o pistoleiro cobra o valor da morte, que varia de acordo com quem for morrer. Tem ‘cabeça' que custa R$ 5 mil, e tem outras que chegam a R$ 50 mil", disse o agente.
No entanto, antes de planejar a morte, os mandantes fazem o seguro de vida das vítimas, e após o assassinato, solicitam junto à seguradora o valor do seguro. Estima-se que eles recebam até R$ 200 mil através da ação criminosa. "Antes eles matavam a família rival, hoje, a própria família se dividiu e uns estão matando os outros para receber o seguro de vida", afirmou o policial.
Ainda conforme o delegado André Rabelo, somente nos últimos três meses, nove pessoas foram assassinadas no município e em todos os casos, a principal linha de investigação versa sobre crime encomendado por mandantes de São Paulo e também da região de Catolé do Rocha, além de municípios do Rio Grande do Norte.